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O Fura Fila

  • Foto do escritor: Casos
    Casos
  • há 11 minutos
  • 2 min de leitura
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Seu Ubirajara, mais conhecido como "Bira", tinha 57 anos e era nascido no Pará onde viveu até os 28 anos.

Veio para uma grande capital do sudeste para trabalhar como servente numa empresa da construção civil. Trabalhador exemplar, nunca atrasou e nunca deu atestado. Casou e, junto com a esposa, constituiu uma família com quatro filhos, onze netos e um bisneto.

Era evangélico e uma figura sempre presente nas atividades da Igreja. Fazia questão de pagar o dízimo sempre no dia que recebia o salário. Morava numa comunidade da periferia numa casinha bem simples, mas própria.

Bira começou a ficar muito cansado e foi diagnosticado com Miocardiopatia Chagásica. Contraiu a doença, ainda quando jovem, nos rios paraenses. Nunca soube disso.

Foi encostado pela previdência, passando a receber um salário mínimo, mas, mesmo assim, não falhava o dízimo.

A doença se agravou tanto, que teve que ficar permanentemente internado num hospital público. O cansaço o incapacitou totalmente. A única solução? Transplante de coração. Começou uma luta desesperada contra o tempo à espera do órgão.

Sobreviveu com fé a 2 anos de espera, quando finalmente chegou a sua vez: surgiu o doador do coração. Tudo pronto para o grande dia do transplante.

Infelizmente não aconteceu. A cirurgia foi suspensa sem explicações.

Um milionário, grande figura pública, conhecido nacionalmente, ficou com o coração do Bira. O órgão, "inexplicavelmente", foi desviado de trajeto indo parar no mais famoso hospital particular do país naquela mesma cidade.

A imprensa noticiou bastante a realização do transplante do famoso no mesmo dia que seria o do Bira. Segundo os noticiários, o popstar, que tinha entrado, naquela mesma semana, na fila dos transplantes, ficando em último lugar, conseguiu subir para primeira posição em função de um "critério de gravidade" misterioso nunca revelado.

Bira morreu dois meses depois sem ter feito o transplante. Apesar de ter "conseguido" um coração novo, o famoso morreu, com sua esposa e filha, um ano depois, num acidente de helicóptero quando pousava num resort de luxo.

A Esposa do Bira continua pagando o dízimo quando recebe a pensão.

Fica a lição:

Ninguém fura a fila da morte.

 
 
 

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